Na medida em que crescem as especulações sobre a possível prisão do ex-presidente Lula na imprensa e no meio político, milhões de brasil...
Na medida em que crescem as especulações sobre a possível prisão do
ex-presidente Lula na imprensa e no meio político, milhões
de brasileiros acompanham apreensivos os desdobramentos da Operação Lava Jato
na expectativa de que novas provas comprometedoras sejam finalmente
descobertas.
Por mais doloroso que seja para um povo ser submetido à vergonha
internacional por ter um ex-chefe de Estado preso, a maioria da população do
país já está preparada e até mesmo anseia por este momento. A corrupção de seu
partido e em seus governos é sabida aqui e no resto do mundo. Chefes de Estado
e agências de inteligência de outros países sabem até um pouco mais que os
brasileiros.
Embora exista a necessidade de ao menos um elemento que justifique a
prisão de Lula, a maioria dos brasileiros tem a certeza de que ele esteve por
trás dos esquemas de corrupção em uma janela de 13 anos da história do Brasil.
Na pior das hipóteses, Lula tinha conhecimento sobre os esquemas de desvios em
favor de seu partido e de seus projetos políticos.
É claro que ainda existe uma minoria de pessoas, sobretudo as de menor
grau de instrução, que ainda confia no ex-presidente. Mais por generosidade do
que por qualquer outro motivo. Mas mesmo as pessoas humildes confiam
desconfiando. Inocentes, ainda veem em Lula a figura de um homem bom, apesar de
acreditarem nas suspeitas que recaem sobre ele.
Quanto ao resto da população, não há mais dúvida de que os desvios
fizeram parte de um projeto de poder do PT. Mesmo ignorando os conceitos sobre
a teoria do Domínio do Fato, já ficou claro para a justiça e para a sociedade
que parte do dinheiro roubado na Petrobras tinha como destino os cofres do
partido e serviu para financiar campanhas e compra de aliados. Também é público
que todos homens envolvidos nos desvios que ocupavam cargos estratégicos no
partido eram muito íntimos do ex-presidente e contavam com a absoluta confiança
de Lula.
Entre admitir que Lula não sabia de nada ou que tudo foi feito de forma
cuidadosa com o propósito de não envolvê-lo diretamente nos desvios, a maioria
esmagadora da população prefere optar pela segunda alternativa. É algo como um
chefe de família que orienta que seus filhos saiam para roubar. Quando um deles
é eventualmente preso, o filho nega o envolvimento do pai, que ainda demonstra
indignação, ao mesmo tempo em que posa de vítima perante os vizinhos.
Diante de tanta certeza, Lula investe numa batalha débil para preservar
o pouco que restou de sua imagem e conta com um exército de jornalistas,
blogueiros e militantes pagos que continuam a defendê-lo. Existem ainda alguns
artistas e políticos que se beneficiaram da cumplicidade com o partido. Porém,
este grupo é formado por pessoas de reputações duvidosas que não gozam de
qualquer credibilidade junto à sociedade.
Enquanto se alimentam as expectativas sobre o surgimento de novos
indícios, provas ou depoimentos que viabilizem a prisão de Lula, a convicção da
sociedade sobre sua culpa é um fator positivo e facilitador para uma eventual
ação da justiça, que se dará de forma menos traumática.
Enquanto a liberdade de Lula tornou-se algo que realça a sensação de
impunidade no país, sua prisão traria um significado completamente oposto para
a sociedade. Somente a prisão de Lula será um marco capaz de romper
definitivamente com os métodos e práticas imorais que permeiam o meio político
nacional, favorecendo o amadurecimento e fortalecimento da democracia e da
sociedade. Muitos soltarão fogos, enquanto outros poucos e resignados,
lamentarão o fato. Por fim, ser preso pode vir a ser definitivamente o maior
feito de Lula em prol do país.
@muylaerte